Soneto - Carregado de mim ando no mundo

Carregado de mim ando no mundo,

E o grande peso embarga-me as passadas,

Que como ando por vias desusadas,

Faço o peso crescer, e vou-me ao fundo.





O remédio será seguir o imundo

Caminho, onde dos mais vejo as pisadas,

Que as bestas andam juntas mais ousadas,

Do que anda só o engenho mais profundo.





Não é fácil viver entre os insanos,

Erra, quem presumir que sabe tudo,

Se o atalho não soube dos seus danos.





O prudente varão há de ser mudo,

Que é melhor neste mundo, mar de enganos,

Ser louco c'os demais, que só, sisudo.


Rate this poem: 

Reviews

No reviews yet.