A Resignacao

Temam embora a morte os que aferrados
Aos grossos cabedais, que possuíam,
Nunca tão de repente presumiam
Que lhes fossem das mãos arrebatados.

Sintam deixar co'a vida os começados
Muros d'altos palácios, que erigiam;
A cara esposa, os filhos, que cresciam;
Os brandos leitos; os tremós dourados.

Que eu sem bens e sem casa, vagabundo,
Mal coberto c'o manto da indigência,
Já não temo da morte o horror profundo.

No que me tira não me faz violência,
Que o melhor modo de sair do mundo
É cheio ou de miséria ou de inocência.


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